10 anos da revolução na Gestão de negócios do Flamengo
Aumento na arrecadação e controle das dívidas, a receita do sucesso nas finanças emplacou hegemonia no futebol
O inicio da trajetória hegemônica do Flamengo no cenário do futebol brasileiro teve inicio em 2013, com a ascensão de Eduardo Bandeira de Mello, executivo de carreira do BNDS, a cadeira da presidência rubro-negra. Com um bloco de dirigentes com experiência em mercado a Gávea decidiu reerguer um clube que vivia em uma eterna crise financeira.
A prioridade máxima da gestão Bandeira de Mello foi reduzir consideravelmente os encargos trabalhistas e fiscais, grande responsável pela dívida rubro-negra, mais de 50% do valor eram com esses encargos. Em contrapartida, logo em seu primeiro ano de mandato, o clube acertou um longo contrato com a Adidas e faturou o título da Copa do Brasil de 2013.
No orçamento desenvolvido pela gigante da auditoria contábil Ernest & Young foi apontado a necessidade de uma boa política financeira para o inicio de uma Estratégia de Negócios. A Gávea, que havia se deparado com uma dívida de 737 milhões de reais em 2013, celebrou ter chegado em 472 milhões em 2016 e 251 milhões em 2023, de acordo com o orçamento atual.
O clube aderiu ao PROFUT, Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro, uma lei desenvolvida para fortalecer programas de austeridade financeira no futebol. “Com o Profut, a gente conseguiu alongar essa parcela da dívida que era de quase 300 milhões de reais em 20 anos. Isso foi fundamental”, afirmou Bandeira de Mello ao Globoesporte.
Marketing como trampolim de receita
A Gestão de Negócios do Flamengo apontou para a necessidade de uma nova política de comunicação, e contou com a profissionalização do setor de marketing do clube. O carro-chefe dessa arrecadação foi o programa de sócio-torcedor, ‘Nação rubro-negra’ que foi reformulado e relançado como pilar central da retomada financeira.
A arrecadação com o sócio-torcedor saltou de 25 milhões de reais em 2012 para R$ 83 milhões para 2013. “Isso aí parte do princípio que o Flamengo tem 40 milhões de torcedores, então você tem que transformar isso em receita. O programa de sócio-torcedor que não existia quando a gente chegou, hoje é a segunda maior fonte de receita do clube logo depois da televisão”, afirmou Bandeira de Mello.
Com o faturamento em crescimento, a dívida bruta do clube foi caindo gradativamente. Ao fim de 2018, a dívida rondava na casa dos 458 milhões de reais e o débito bancário em aberto em torno de R$ 162 milhões em 2015, desabou para 25 milhões de reais em 2018.
A dívida trabalhista era de 193 milhões de reais em 2012 e passou para 60 milhões em 2018. Os louros desse processo na gestão de negócios da Gávea, se revelou na hegemonia em campo. São 11 títulos conquistados desde 2019, quando houve uma mudança de postura na contratação de atletas.
Segundo o orçamento aprovado pelo Conselho Deliberativo, espera-se que o Flamengo tenha 1,2 bilhão de reais de arrecadação e 250 milhões de dívidas, sem contar com a premiação de títulos.