Brasil atinge recorde inesperado na geração de emprego
Setor de serviços puxa a fila da geração de empregos e número surpreende expectativa do governo para o primeiro trimestre de 2023
O primeiro trimestre para geração de empregos no Brasil pode ser comemorada, com os números divulgados pelo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego.
Cerca de 195.171 vagas com carteira assinada foram criadas, superando a expectativa das 97,5 mil vagas estimadas por consultorias e instituições financeiras no mês de março. Segundo o Valor Econômico, o ‘boom’ nos números de vagas criadas pode fazer com que haja um reajuste nas projeções para o trabalho e emprego no restante do ano.
O economista Lucas Assis, do Tendências, afirmou que apesar do salto impressionante no número de vagas criadas, a desaceleração da econômia brasileira permanece intacta.
“Por mais que tenha apresentado um desempenho positivo no primeiro trimestre, mantemos a expectativa de perda de ímpeto das contratações formais pelos empregadores até o fim de 2023 em meio ao arrefecimento esperado para a atividade econômica”, explica o economista.
4 dos 5 setores da economia tiveram um resultado acima do esperado em março. O setor de Serviços liderou a geração de empregos com 122.323 postos de trabalho criados, seguidos pela Construção Civil com 33.641, Indústria com 20.984 e Comércio com 18.555. Apenas a Agricultura teve número abaixo, foram cerca de 332 vagas.
Embora tenha tido a liderança do ranking em março, o setor de Serviços não surpreende tanto quanto a Construção Civil ter gerado tantos empregos. “Houve uma abertura significativa no segmento de obras de infraestrutura e serviços especializados em construção. Isso pode estar associado à retomada do Minha Casa, Minha Vida e à recuperação de rodovias, por exemplo”, explica Assis.
Com o retorno dos programas de infraestrutura, a vilania do desaceleramento econômico brasileiro retornou para as mãos dos Juros altos, atualmente em 13,75% ao ano, algo que é apontado como uma justificativa importante para as projeções que indicam perda de ímpeto do mercado de trabalho ao longo do ano ser mantida.
“Ainda esperamos que a criação de empregos desacelere à frente, especialmente considerando os efeitos de uma postura mais rígida da política monetária”, afirmou o relatório do Santander sobre a economia brasileira, e que é assinado por Gabriel Couto.
reforma trabalhista descartada
O ‘boom’ no número das vagas apresentada pelo CAGED jogou luz a um temor dos brasileiros nos últimos dias. A possibilidade de uma Reforma Trabalhista começou a ser levantada por parlamentares do governo nos corredores do Congresso Nacional.
O Governo Federal defendeu uma forte fiscalização contra as fraudes trabalhistas e iniciou um amplo debate sobre a obrigatoriedade da contribuição sindical, derrubada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e que gera fortes divergências entre o Ministério do Trabalho e Emprego e as forças sindicais.
O secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Previdência, Francisco Macena da Silva, reiterou o posicionamento do Governo por um consenso na questão da contribuição sindical e descartou qualquer possibilidade de uma nova Reforma Trabalhista virar pauta, “Não há intenção de se fazer uma nova reforma, mas de fortalecer que ambas as partes envolvidas [nas relações trabalhistas] entrem em um acordo”, explicou.
Durante a reunião que teve com lideranças sindicais e empresariais na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Macena afirmou que o Ministério do Trabalho e Emprego apenas revisará algumas de suas portarias sobre a representação sindical.
“Há uma dispersão muito grande da representação sindical, e isso não favorece os empregadores, pois muitas vezes não sabem com quem negociar; ou ainda ocorre de que, quem senta à mesa de negociação [com eles], muitas vezes não tem representatividade. Tivemos um período muito grande de fragmentação que não está de acordo com a representação real que existe entre os empregados. Este é um caminho para dar segurança a quem emprega, por ter na mesa quem de fato possa representar os trabalhadores e, do outro lado, a representação patronal. Vamos perseguir isso com muita insistência“, completou.
Essas e outras informações sobre o mundo do Trabalho e Emprego você pode acompanhar no Blog do Grupo Insigne.